sexta-feira, 11 de julho de 2014

As flores de plástico não o que mesmo?

Maria Eduarda e Eduarda trabalhavam na mesma loja de departamentos em setores próximos. Eduarda era casada, religiosa, mãe de família. Maria Eduarda era recém-separada, mas com um namorado meio lusco-fusco. Era comum que fossem confundidas pela quase semelhança entre seus nomes, embora suas personalidades fossem completamente diferentes. Eram amigas! Até que...

Até que surgiu um buquê de flores (meia dúzia de rosas vermelhas, meio murchas, queimadas na borda) na recepção que foi direcionado à Maria Eduarda.

Maria Eduarda recebeu com carinho e antes mesmo de ler o cartão, ligou pro namorado agradecendo as flores. Seu namorado levou um susto e disse que não havia mandado nada, achou que era só uma brincadeira espirituosa da namorada e desligou o telefone sorrindo! Ao ler o bilhete veio o espanto: "Obrigada pela noite de ontem!" assim, seco, sem assinatura! Maria Eduarda lembrou que não havia passado a noite com o namorado, mas encontrou-se para uma conversinha informal com o ex, que não deu em nada! Sorriu pela gafe cometida e seguiu em frente na sessão de panelas.

Na hora do almoço, Maria Eduarda comia sua saladinha quando desde as escadas, com a fúria de Marimar, Eduarda. Eduarda a questiona sobre o fato de ter recebido um buquê de flores em seu lugar, que isso era falsidade ideológica, crime de estelionato e etc... Gritava no refeitório exigindo suas flores. Maria Eduarda ficou sem entender nada, afinal, seu nome constava no cartão com todas as letras e fazia todo sentido após lembrar da noite anterior... Eduarda não queria ouvir! Afirmava que havia recebido uma ligação dizendo que ela ganharia um presente com um cartão, e em sua cabeça, aquele era o presente! Esperneou, brigou, chorou querendo as flores! Até que leu o cartão. Seu conteúdo comprometedor a fez ter uma brilhante ideia: dizer que os cartões haviam sido trocados na floricultura (ideia tipicamente de quem assiste novela, tal qual Helena trocando os bebês em Por Amor). Insistiu nessa insanidade a tarde inteira, até que as flores foram parar no lixo e ela, abraçada à lixeira revelou: "-Eu mesma me enviei essas flores, caralho! Só que sou muito jumenta, escrevi meu nome errado!"

Das evocações equivocadas


Recentemente foi inaugurada em frente à minha casa, para meu total desespero, uma Igreja, dessas cuja placa deveria conter os dizeres: " Nunca faltou nada ao meu pastor, pois ele sempre foi fiel ao caixa 2. Resolvo então a partir de agora fundar a I Igreja do Quinto dos Infernos, pq dinheiro é bom e no meu bolso, melhor ainda!" ao invés de todas aquelas citações bíblicas q eles fazem questão de decorar, quer dizer, decorar não, eles absorvem por osmose através de seus livros sagrados colocados estrategicamente sob seus suvacos catingosos, é a chamada Bíblia Desodorante!

Durante toda gritaria q é peculiar aos fiéis de tal ceita pode-se ouvir inúmeras coisas, muitas delas q não fazem o menor cabimento, a evocação à Nação dos 318 (isso pra mim tem o maior jeitinho de umbanda), músicas cuja palavra Senhor repetem-se incessantemente... enfim, uma série de coisas q se ligar pro Serviço de Saúde Mental eles carregam todos enjaulados e devidamente amordaçados...

Como a curiosidade sempre foi o meu forte, parei para tentar prestar atenção num momento em especial... Era uma espécie de reunião de cura, ou algo do gênero, uma pajelância qualquer e eis q de repente eu ouço assim: É o capacete da consciência, o cinto da verdade, a sapatilha da paz e a couraça da justiça!!!!

PORRA!
Pelas pererecas falantes albinas da Mauritânia!!!
O q seria isso? Uma evocação de algum üper-herói? Sim, pois só faltou a espada justiceira com o olho de Thundera, ou um gritinho do tipo Vai, Planeta!!! pra pintosa forrozeira aparecer voando, a cavalo ou simplesmente montada num salto 15... Fiquei deveras curiosa e esperei ali na varanda por algum tempo, mas nada, nem um cometa Harley passou, nenhum anjo me soprou nos ouvidos a chegada de nenhum homem, principalmente chamado Messias... a única coisa q eu ouvi foi a minha mãe me chamando pra tirar a toalha molhada de cima da cama.

Na dança da "vassôra", dança preta, dança "lôra"

E o dia começava ensolarado naquela manhã de sábado. Ainda com certa preguiça, Kelly tirava as remelas do olho esquerdo, shortinho, top e havaianas, partindo pra faxina.

"- Fazer faxina exige um som alto, Maria Bethânia, que é pra se ter noção do sofrimento!" pensava Kelly enquanto corria os olhos na prateleira de cds.

Vassoura em punho, um coque no alto da cabeça, som nas alturas e muita cantoria. Vez ou outra uma lágrima furtiva insistia em cair, não se sabia se era emoção ou poeira mesmo. Só deu gargalhadas quando lembrou da cena onde Didi se fazia de Bethânia em seu programa dominical...

De repente, ficou parada, braços apoiados sobre o cabo da vassoura, prestando atenção em um trecho especial...


"Não tenho lar, trago o coração ferido,

Mas tenho muito mais classe,
Do que quem não soube prender o marido."



Kelly então, bateu palmas, assoviou, soltou um "arrasou, mona!" e seguiu, afinal, o quarto tinha que ficar limpinho antes que a patroa chegasse com as compras.

Quanto vale um pentelhésimo?

Felipe estava no corredor da escola aguardando a próxima aula quando vê, subindo a escada Sandrinha, a gatinha mais maluca do lugar (maluca mesmo, com atestado de insanidade e tudo). Enquanto ela vinha caminhando e saltitando, ele tentou se esconder por trás dos escaninhos, tentou se fazer invisível, mas não deu. A moça, sorridente já o tinha visto. Com as mãos para trás e um sorriso de engolir as orelhas, Sandrinha chega perto de Felipe e lhe diz um extenso "Oi!". Ele retribui a simpatia, pensando que se livraria logo dela. Sandrinha inclina o corpo para frente, na direção de Felipe e sua boca alcança a orelha esquerda do rapaz: 
- Tenho um presente pra você! Feche os olhos e abra a mão! 

O rapaz obediente, assim o fez. Sentiu como se ela não tivesse jogado nada na sua mão. Era uma brincadeira dela de sempre, não havia presente nenhum. Mas, quando abriu os olhos, Felipe pode perceber que haviam 3 fios de pentelho extendidos na palma de sua mão direita. Ela olhou matreira, sorriu, abriu os braços e disse: "- É o que você significa pra mim!" prosseguindo seu caminho com o mesmo saltitar leve e alegre de antes. 

Felipe ficou ali parado, pensando no emblemático presente de Sandrinha. Não soube, no final do dia, se era melhor ser um monte de nada ou alguns pentelhos.

Quando a melhor saída seria a terra se abrir

Sem constrangimento ela se emperequetou: vestido curto, bolsa média (para caber todos os acessórios), unhas devidamente pintadas de vermelho (inclusive as do pé, o que lhe conferia um ar Viúva Porcina) e a sandália. Caminhou 4 quarteirões até o cinema, pois não queria que ele soubesse onde morava. O filme era péssimo, o que transformou uma sessão da sétima arte em uma sessão de pornochanchada particular (digna de Matilde Mastrangi, dirigida por Cláudio Cunha). 

Ao sair do cinema, o calor lhe subia as pernas no inverno carioca, tomou a liberdade de convidar o rapaz para tomar um refresco de cevada num boteco ali próximo (ela adorava uma exibição em público, arrumadíssima, preferia os botecos, para chamar atenção). Beberam daquela vez como se fosse a última, gargalharam como se ouvissem música e beijaram-se como se fosse lógico. 

A dama estava inclinada a aceitar o convite de uma esticada até um motel de quinta ali por perto mesmo, mas declinou ao convite gentilmente e ignorou solenemente a vontade danada de um pobre rapaz que já estava atrás da mesa com os documentos na mão! Estavam seguindo rumo ao ponto de táxi quando, exatamente no 17º passo, o salto 15 faz o favor de quebrar. Com um sorriso amarelo a moça escora nos ombros do rapaz e seguiram em frente. O rapaz fez questão de ficar com sua sandália para consertar o que automaticamente os obrigaria a um novo encontro. 

O segundo encontro tinha que ser rápido, pois ela ía viajar. Levava em sua bolsa um chicotinho (desses com a tirinhas de couro na ponta) para ser usado, caso tivesse oportunidade. O rapaz entregou a sandália e ela conferiu as passagens novamente o que deu um certo desespero, seu avião sairia em 15 minutos, não em 1h como havia visto enganada. 

Correu pro aeroporto e ainda ofegante foi passar pela revista. Lembrou-se então do chicotinho que carregava na bolsa, corou as bochechas e num rompante de euforia, enfiou o chicote na boca, deixando pra fora só as tirinhas de couro. Sacolejava a cabeça e repetia: "- Eu sou uma iguana, eu sou uma iguana!" Muita gente riu, muita gente se mijou de rir, mas tb muita gente se afastou com o medo de levar uma chicotada. 

Entrou no avião e seguiu seu destino pensando que realmente acertou na escolha, pq certamente se tivesse enfiado o chicote no rabo e saído andando gritando: "- Eu sou uma vaca, eu sou uma vaca!" teria sido muito pior!

É Natal, segura no meu... GORRO! Ho ho ho

Na casa de todo mundo tem uma tia sem noção que te dá presentes fora de contexto! Pois bem, com Marcinha a coisa era um pouco pior! Tia Lúcia, a tia-avó de Marcinha, ostentava o ano todo: viagens ao exterior, festas no clube mais caro da cidade, missas na igreja católica... E todo final de ano ela não parava de ligar perguntando: - Quando vão tirar o amigo-oculto? Ai, adoro amigo-oculto! E é óbvio que ela amava a brincadeira, como toda pessoa incoveniente ama! A família de Marcinha, cansada de ganhar meias, pano de prato e camisas do tipo "Fui ao Itororó beber água e não achei, mas lembrei de vc e trouxe essa camiseta!" (ainda com a etiqueta do preço e pasmem, a camiseta custou R$8,90) resolveu armar um plano, fariam com que algum parente direto (filhos, netos, marido) de Tia Lúcia fosse tirado por ela, pra sentir na pele o que há anos os outros sentem, em especial Marcinha, nossa personagem, que quase todo ano saía para os lados de lá.
A sorte não podia ser melhor pra Marcinha, Tia Lúcia fora de cogitação e ela tirando Tia Lúcia no sorteio! Resolveu se vingar, reuniu TODOS os presentes inúteis, que vinha juntando nesses anos, em uma caixa linda, com um laçarote de fita e foi! Meia-noite e quarenta e cinco começa a brincadeira... Todos sorrindo, esperando a surpresa que Marcinha vinha anunciando a semana toda. Quando abriu a caixa, Tia Lúcia sorriu amarelo e se disse realmente surpresa por não saber que a sobrinha-neta guardara todas aquelas coisas com tanto carinho. E Marcinha, bem, Marcinha ganhou um shortinho de lycra listrado de verde-limão e azul marinho, coisa que não lhe cairía bem, pois a rabanada do Natal do ano passado ainda não tinha sido digerida de forma eficaz e algumas celulites teimavam em não desaparecer. Marcinha decidiu nunca mais participar de amigo-oculto, pq teve a certeza que parente é igual a dente: ajuda, mas quando incomoda é um tormento!

A sinceridade no fundo da garrafa

Estavam todos na reunião anual da turma. Alguns casados, outros solteiros e ainda haviam aqueles que nunca se sabia o estado civil desde 1997. Aqueles que já tiveram um caso outrora se entreolhavam com estranheza. Até que Estela, já meio alta por conta dos 5 mojitos que havia tomado solta na cara de Adalberto: “- Ah, vc sempre foi um babaca! Tinha cada frescura que fico até com vergonha!”

Adalberto, muito envergonhado indaga: - E desde quando vc tem essa mania de sinceridade?
Estela: - Desde que eu aprendi que quem magoa esquece!

Silêncio constrangedor até a filha mais nova de Lucinha puxar o cachorro de Diego pela orelha e começar um furdúncio sem tamanho entre mordidas e gritos!